quinta-feira, 23 de julho de 2009

Viagem de ida e volta à encarnação errada

Viagem de ida e volta à encarnação errada
Natalia Otazúa, publicado em Dios!
tradução gentilmente autorizada

O editor de Dios! procurava uma cobaia que aceitasse ir a sua vida anterior porque ele não tinha fé. Ao final apareceu uma formosa voluntária. Natalia -jovem jornalista do jornal La Prensa-, aceitou o desafio: viajar com a ajuda de um guru. Nesta crônica ela conta as peripécias de sua atropelada viagem mística.

Tudo começou como uma diversão para saciar minha curiosidade. Não imaginei que se transformaria em uma experiência incrível. A primeira impressão que me tive do mestre -ou como se chame-, foi ruim: achei-o um charlatão. O diálogo inicial não me convenceu. Mas tampouco me fez desistir...

O mestre me fez recostar em uma poltrona, apagou a luz e começou a falar para me tranqüilizar. Uma parte de mim seguia tudo o que dizia. Mas outra resistia a entrar nesse transe. A luta entre essas duas forças não durou muito. Depois, sem me dar conta, desvaneceu-se.

Quando entrei em situação, senti uma paz absoluta. O corpo me pesava e tudo o que ele me dizia se cumpria. Meus olhos começaram a sentir o mesmo peso de meu corpo até que me pegaram as pálpebras, a pedido do mestre.

Minutos depois pediu que me imaginasse em uma habitação, com paredes brancas e uma venesiana luminosa. Via tudo. Os aromas passaram por meu olfato. Eu realmente percorria esse lugar.

Depois passei a outro espaço diferente. Desta vez, contudo, não foi criado por ele. Eu mesma descrevi o lugar. Era uma habitação branca, forrada, cuja textura era um fundo de flores cor rosa escuro. Havia uma cama de bronze, um escritório e uma placa com um espelho interior em uma de suas portas.

"Como te chamam?", perguntou o professor. "Laura", respondi.

Descrevi-me com um vestido azul e celeste. Quando pediu que me olhasse no espelho, senti que era eu mesma. Mas o espelho não refletia minha imagem. Era uma garota de 14 anos, com cachos de cabelo cor castanha claro. A descrição não coincidia em nada com minha aparência atual. Mas, ao que parece, o espírito dessa garota era o meu.

Então me perguntou com quem estava. Respondi-lhe que estava sozinha e que me sentia muito aborrecida porque meus pais não estavam. "Laura -disse o guru- qual é seu sobrenome?". Fiquei calada tratando de me lembrar. Mas eu não registrava um sobrenome. "Não importa", seguiu.

Pediu-me que remontasse a meus 20 anos. Foi fácil. "Onde está?", perguntou. Lá estava eu, entrando em um edifício com tijolos à vista e vários pisos de altura. Em um pôster retangular se lia: "Universidade da Califórnia". Contei-lhe que cursava direito. Mas que eu não gostava de estudar porque meus pais me obrigavam. "Em que ano está?", perguntou-me. "Em 1952", respondi.

Logo me levou para o final de minha vida. Eu estava prostrada em uma cama. Sentia-me muito débil e gasta. Ao meu lado estava Gabriel, meu marido. Falei de meu filho, que se chamava Tomás. Eu havia morrido aos 69 anos.

Boa morte
Ao morrer me senti muito bem. Leve e, sobretudo, muito feliz. Durante o transe, a etapa onde revivi minha suposta morte foi a melhor. Tudo era lindo e ameno. Meu aspecto físico era vaporoso, como uma nuvenzinha cinza clara com nervuras brancas. Minha cara era a que tenho agora e sorria.

Os espíritos que estavam comigo eram tão felizes como eu. Estivemos um momento fazendo fila em uma espécie de banco que se chamava internível. Todos subimos a uma pileta e -sem que ninguém me dissesse nada- desci até me encontrar no corpo de uma bebê recém-nascida.

O mestre começou a falar e pouco a pouco me fez retroceder a minha vida atual. Quando voltei por completo, senti o corpo pesado. Segui seus dedos com a vista até que meus olhos se fecharam novamente. Falou-me uns segundos mais, até que me senti muito mais relaxada. Tinha retornado ao presente.

O que penso eu sobre o que aconteceu? Em minha humilde opinião, esta experiência surgiu de minha imaginação. A história resultante foi uma série de idéias que guardo em minha memória, e se foram armando com a ajuda do mestre.

Por outra parte, na vida passada a que me fez retornar, eu deveria morrer em 2001 [N. do E.: a sessão teve lugar em 1995]. Isso quer dizer que meu eu anterior ainda está vivo? Não tem o menor sentido. Porque, se fosse assim, onde está meu outro eu?

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