quinta-feira, 23 de julho de 2009

A IGREJA ANTE OS FENÔMENOS PARANORMAIS

A IGREJA ANTE OS FENÔMENOS PARANORMAIS

À Igreja, a meu ver, agrada que a verdade anunciada por Jesus Cristo receba hoje, num mundo secularizado, novas confirmações por meio de fatos e provas concretas, aptos a despertar o interesse dos indiferentes e dos agnósticos que, sem ele, dificilmente compreenderiam o valor das motivações mais interiores e profundas da Fé.

Entre os sinais e os indícios, já indicados pelos Santos Padres, de uma vida no Além, em primeiro lugar se apresentam alguns fenômenos paranormais espontâneos, isto é, não-mediúnicos, como as bilocações de viventes e as aparições de mortos (inumeráveis as dos santos). Esses fenômenos, se forem enriquecidos de credibilidade testemunhal e conexos com acontecimentos objetivos (revelações de acontecimentos desconhecidos ou futuros e, em seguida, realizados, curas instantâneas etc.), oferecem um precioso e convincente convite ao homem moderno: aceitar a Fé, como tive oportunidade de ilustrar num livro recente (G. Martinetti, La vita fuori Del corpo, Elle Di Ci, Turim, 1986), do qual estou preparando a segunda edição, com acréscimos de muitos fatos históricos e contemporâneos.

Uma segunda categoria de fenômenos em favor do Além nós é dada pelas comunicações mediúnicas, que constituem um campo delicado e perigoso como a Igreja muitas vezes o declarou, fundando-se na Bíblia.

A Bíblia condena a necromancia (tipo particular de comunicação com presumíveis falecidos, conforme o costume das culturas tribais, mas não ausente nos nossos países), por causa de suas estreitas relações com as religiões mágicas e animistas. Deus, como é apresentado pela Revelação bíblica, quer nos conduzir para uma felicidade supraterrena, por meio do amor e obediência confiante nele e a aceitação de acontecimentos futuros – por nós desconhecidos, mas por ele permitidos para cada um de nós. O homem não pode pretender, servindo-se do poder dos "espíritos" (magia, adivinhação, necromancia), conhecer o próprio futuro, prejudicar, com feitiços, os próprios adversários e construir a seu gosto um destino de sucesso, riqueza e poder. Nas culturas tribais atuais, em que se pratica a magia e a necromancia,, o Criador vem sendo esquecido, enquanto todo o culto é orientado, por meio de feiticeiros, para os falecidos. Eles querem, por meio dos mortos, obter "feitiços" para os inimigos e vantagens materiais para os que pedem.

As proibições do Magistério (a última é de 1971) são motivadas pela condenação bíblica à necromancia (que pode apresentar afinidades com certos tipos de espiritismo) e sobretudo pela possibilidade, não remota e teórica, de que nas comunicações mediúnicas se introduzam, sob nome falso, espíritos negativos, com a intenção de desviar os viventes do caminho certo e até provocar em alguém o fenômeno chamado "possessão".

Com o progresso da parapsicologia científica, os estudiosos e também os que acreditam vêem na maioria das mensagens mediúnicas ordinárias não necessariamente a presença de Satanás, mas reflexos da psique do médium e dos participantes.

Em alguns casos reconhecem somente sérios indícios de contato com seres inteligentes que não vivem neste mundo.

1 – São os casos em que o presumido falecido revela o caráter, a maneira de pensar e de falar que possuía nesta vida aquele que diz ser, os nomes e os costumes de pessoas conhecidas por ele e pelos participantes da sessão, mas, sobretudo, notícias absolutamente desconhecidas dos médiuns e dos participantes, conhecidas somente pelo falecido quando estava nesta vida e verificadas, hoje, como exatas.

2 – Essas revelações possuem notável valor indicial quando se pode constatar a ausência de especiais e extraordinários dotes de clarividência no médium e nos participantes (isto é, nunca mostraram esse dotes em sua atividade ordinária) e, ainda mais, se as revelações acontecem com particularidades paranormais não atribuíveis a eles (como, por exemplo, com uma caneta que escreve sem a guia do médium). As notícias até agora desconhecidas e que se revelaram exatas são, então, um sinal bastante convincente da presença de um espírito que se comunica do além, mas não oferecem ainda fortes probabilidades de que seja verdadeiramente o falecido que diz ser.

Poderiam provir de entes de baixo nível moral que referem notícias exatas e verificáveis para enganar em outros campos que não se podem provar facilmente e assim induzir os viventes para posições que, com o passar do tempo, tornar-se-iam moral e religiosamente desviantes.

3 – Deus pode querer a intervenção de alguns falecidos em nossa vida para nos ajudar a acreditar na Vida eterna e para nos admoestar a que não nos apeguemos às coisas deste mundo (cf. Sto. Tomás, Suma, I, 89,8 ad 2; Supl. 69, 3; e noutros trechos). O Magistério católico, alertando para o perigo do espiritismo, nunca declarou que o mesmo tenha sempre origens diabólicas. A Igreja permite que se tentem experiências neste campo por pessoas competentes (sólida formação religiosa e moral, senso crítico, uma boa cultura em parapsicologia, equilíbrio psíquico), à procura da verdade, com os devidos cuidados (por exemplo: que o médium tenha demonstrado retidão moral e não busque o lucro ou esteja à procura de notoriedade).

Sob tais condições, o Magistério se conforma à opinião que prevalece entre os estudiosos de que os fenômenos mediúnicos são originados, às vezes, por causas infraterrenas (o inconsciente dos participantes ou as fraudes do médium), mas não exclui que, em alguns casos, se manifestem determinados mortos.

Podemos razoavelmente concluir que o presumido morto que se comunica seja exatamente aquele que diz ser somente se apresentar suficientes indícios capazes de convencer que sua comunicação tenha sido autorizada por Deus e realizada em comunhão com ele. Nesse caso, nós, que acreditamos, sabemos que:

  1. o morto nunca negará pontos substanciais do Evangelho e do ensino da Igreja;
  2. poderia até fornecer deles confirmação e aprofundamento;

c) de sua intervenção hão de surgir efeitos positivos do ponto de vista moral e religioso (aproximação da fé, recuperação da paz e da tranqüilidade, oração, perdão, reconciliação, etc.).

Se se verificarem todas as precedentes condições, a exigência, para acreditar na autenticidade das comunicações, de provas científicas, provas tais que excluam absolutamente qualquer possibilidade de erro, embora mínima, e que apresentem a certeza matemática-física, representaria, a meu ver, um posicionamento de excessiva severidade metodológica, capaz de fechar o caminho a qualquer outro resultado e a qualquer outra pesquisa, quer de parapsicologia, quer de todas as outras disciplinas que não estudam exclusivamente os fenômenos físico-químicos.

De fato, o cientista acredita nas pessoas e nos acontecimentos e toma decisões comprometedoras ou até vitais só à base de certezas morais suficientemente meditadas (as relações humanas, os fatos históricos e os relativos testemunhos, os processos indiciários, os valores humanos não oferecem certezas científicas). O cientista que tem fé pode com razão acreditar, como com efeito acontece, nas aparições de Lourdes, de Fátima etc., apesar de esses fenômenos não serem suscetíveis de provas científicas, mas de certezas morais somente.

Até as aparições contadas pelos Atos dos Apóstolos, os milagres de Jesus, as profecias realizadas e as aparições dos Ressuscitado, que os Evangelhos e a Igreja sempre consideraram sinais qualificados da Fé, não podem ser comprovados cientificamente, mas se baseiam em certezas de ordem moral seriamente fundadas.

A intuição pessoal, além do mais, graças à iluminação divina, chega à certeza absoluta da Fé.

Os inúmeros e significativos reflexos positivos nas consciências, obtidos por meio de O Além existe, demonstram a necessidade que tem o homem de sinais exteriores e de provas objetivas que ajudem a Fé, hoje mais difícil, e o dever para nós que acreditamos, de estudar este caso relevante e todo o imenso e complicado campo do paranormal, deixando a atitude de desinteresse e de estranheza que, no último século, por influência do positivismo dominante, caracterizou boa parte da cultura católica.

Pe. João Martinetti

Estudioso da paranormalidade

(Texto extraído do livro O Além Existe, Testemunho Extraordinário Rigorosamente Documentado, de Lino Sardos Albertini, São Paulo, Edições Loyola, 1989, págs. 11 a 14).

Da contra-capa:

Este livro é a crônica de um diálogo incomum, entre duas diferentes dimensões, entre o aquém e o além, entre um pai que chama e um filho, morto em circunstâncias dramáticas, que responde. O diálogo ocorre através de uma sensitiva que categoricamente exclui qualquer recompensa e se recusa a desenvolver uma atividade pública.

Ela pratica um tipo de escrita automática por meio da qual desemaranha o fio que mantém unidos o advogado e seu filho, André.

Crítico e descrente no começo, Lino Sardos Albertini teve de resignar-se aos fatos inexplicáveis que André apresentava, a lógica severa das respostas, a sua coerência. Extraordinária é a maneira da transmissão das mensagens.

Envolvente como um romance, impregnado – mesmo na situação dolosa – de fé e esperança, este livro há de induzir os seus leitores a uma meditação profunda.

O AUTOR: advogado, profissional liberal, exerce atividade em Trieste onde reside na Rua Piccardi, 43.

Foi presidente da Academia de Estudos Jurídicos e Econômicos "Cenáculo Triestino" e presidente da Junta Diocesana de Ação Católica de Trieste. É vice-presidente nacional da União Pan-européia Italiana e presidente do Arqueoclube de Trieste. É autor de vários ensaios.

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